sexta-feira, 2 de outubro de 2009

[Contra a Abstinência das Palavras...]


"(...) Somehow I knew you would leave me this way. Somehow I knew you could never... never stay. And in the early morning light, after a silent peaceful night, you took my heart away and I grieve (...)". *One Last Goodbye – Anathema


III

Estava sozinha, extenuada,
Procurava lenir esta doença com a imensidão de (cada) noite.
Tremia ao sabor da dolência que se proliferava no sangue.
Eu vi-o antes de se aproximar de mim, pensei nele.
Como poderia sentir-me abraçada pelo fitar permanente de uma estátua
E um semblante estranho a caminhar na minha direcção?
Trazia um livro numa das mãos, um papel rasgado simetricamente.
Nas suas primeiras palavras efluíram os meus primeiros harpejos de redenção.
Exercitei pensamentos, moldei o significado amorfo de cada um.
Pedi-lhe para me ensinar os segredos do mundo, apenas respondeu:
-“Desvendar um segredo comparado com o labor da inquietação corresponde somente
Ao limiar de todas as profecias da humanidade.”
Queria somente ludibriar a minha timidez, criava espaços intempestivos de silêncio.
Eu ficava enlevada, petrificada face ao seu humilde discurso.
Conhecia os meus estigmas, falava de um cipreste: assomo da sua vitalidade.

A reminiscência deste momento marca ânsias em mim,
Quero ver-te na eternidade do tempo, fica comigo.


"(...) In my dreams I can see you. I can tell you how I feel.
In my dreams I can hold you and it feels so real (...)".
*One Last Goodbye - Anathema

3 comentários:

  1. Querida Diana,andas a sucumbir perante a profundidade de Anathema?Oh como foi extasiante aquele concerto de Maio!!Parabéns pelo texto!

    Bjinhus

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  2. Muito obrigada pelo comentário, doce Joana!
    Eu ando sempre arrebatada pelas composições deles, sempre andei e sempre vou andar,...

    ***

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